Quem não gostaria de largar tudo e recomeçar a vida num dos lugares mais charmosos do mundo?

Pois é, Peter Mayle e sua esposa fizeram o que, para a maioria de nós, continua sendo apenas um sonho, quando resolveram morar numa casa no sul da França.

Eu li “Um ano na Provence” há anos, e nunca mais esqueci dos detalhes. Foi o primeiro livro com tema de viagem que realmente me prendeu do início ao fim. Temas de viagem para Europa, especificamente a França, me fazem viajar literalmente.

Se trata de um livro autobiográfico, e cada capítulo fala sobre um mês do ano que o autor passou na Provence.

A história é muito bem narrada, cheia de descobertas e conhecimentos que transbordam a paixão pelo lugar que eles escolheram morar, com todos os sabores, cores e culturas.

Se o livro tivesse cheiro seríamos presenteados com sensações detalhadas das comidas e banquetes sobre os pastis, os azeites e as sobremesas.

Outro ponto encantador é a descrição da humildade dos cozinheiros anônimos capazes de superar grandes chefs parisienses, as implicâncias de um vizinho que faz de tudo para expulsar os turistas; as curiosas corridas de cabras; e a força perturbadora do vento mistral, que arranca telhas e destrói encanamentos.

Isso tudo é tão bem descrito que vai nos deixando com água na boca, sonhando com as maravilhas do sul da França.

A Provença, como também é chamada em português, é uma região no sudeste da França, cheia de belas paisagens, com destaque para os campos de lavanda (fielmente retratados no livro), lojinhas charmosas e cantinhos especiais, capazes de proporcionar uma vida tranquila em todas as estações do ano.

Se você gosta de livros despretensiosos, agradáveis e com histórias lindas, esse é pra você.

E se, assim como eu, adora o idioma francês, será maravilhoso conhecer não só a um pouco da língua, como também uma parte importante da cultura do país.

“Vocês nunca ficam entediados?, indagou um dos seus amigos ingleses, em visita ao local. “Não, nunca temos tempo para tédio! Há o jardim a ser projetado e plantado, uma nova língua a aprender, povoados, vinhedos e feiras a descobrir “, responde Mayle, que compartilha com o leitor essas vivências.

O livro não é um guia gastronômico, não há dicas de receitas, mas é um livro sobre o relato em primeira mão de quem deixou a cidade grande para se entregar à experiência de desfrutar de uma vida mais calma, num local onde o tempo é governado pelas estações do ano e não pelos dias.

Todos os prazeres rústicos da vida provençal estão reunidos neste relato fascinante, misto de caderno de viagens, crônica e romance – obra que deve ser degustada com o melhor dos vinhos.

E, sim, é um livro para quem ama ler e viajar – quase na mesma proporção!